No carnaval do Rio, a escola de samba Mangueira, se vestiu de críticas sociais, políticas e religiosas, no tema Jesus da Gente. No desfile, o enredo causou alvoroço no público e em religiosos. A narrativa foi a figura religiosa de Jesus sendo negro, pobre, mulher, LGBTQ+ e índio. 

A junção dos cenários deu repercussão, enfatizando a realidade periférica do Rio, que não agradou a muitos. “Acredito que faltou embasamento histórico, sei que as escolas transmitem apenas o que querem passar, mas Cristo veio para salvar e não para quebrar o sistema romano. Não considerei desrespeitoso, existem outras formas para falar de minorias, não pegando um contexto histórico e colocando a imagem de Cristo no ponto de defesa de uma sociedade.” Afirma a pastora Maiane Magalhães de Salvador. 

Já o historiador Douglas Nascimento, do Rio de Janeiro, comenta que “a cada 14 minutos, um jovem negro morre no Brasil. Temos que perceber isso a partir de uma visão religiosa, tendo como idolatria a figura de Jesus, que andava e defendia marginalizados. Trazer a tona os marginalizados e os "Jesus" de hoje [...] trouxe a discussão através da mulher negra, o jovem negro crucificado com cabelo descolorido, tatuagens e balas no peito. Associação das pessoas da crucificação do bandido hoje, é do jovem negro.”